Didier Anzieu, nasceu em Melun, França, tendo vivido 76 anos e na maioria deles contribuído com estudos na área da psicologia, desenvolvendo as primeiras pesquisas e experiências em psicanálise de grupo, como também com estudo de psicodrama. É dele o título deste blog: “O poder não corrompe, revela.” Para Anzieu corromper significa revelar uma natureza oculta e oposta à natureza que sempre existiu, a natureza que era aquela mesma, não era outra. Simplesmente o poder pôs em relevo e fez com que aparecesse o que já era – a mala preta do avião não havia sido aberta até determinado momento. Sugere ainda algumas coisas. Primeiro, que o poder serve para revelar. Segundo que, como Didier Anzieu considera em seu artigo sobre a pele psíquica, a respeito de Lacan, esse poder de conquista analítica só chega àqueles que o desejam fortemente e que sabem manejar com habilidade a psicologia coletiva para consegui-lo.
Esse tipo de poder, este poder de fascínio sobre o outro e de tentativa de domínio, principalmente quando em grande escala, não cai do céu, nem é exercido exatamente por acaso; mas com intencionalidade – quando consciente. Aqui traçamos um paralelo com o texto de Rasmus Hoogard, Jacqueline Carter e Louise Chester, “O poder pode corromper líderes. A compaixão pode os salvar.” (HBR, Feb 15, 2018) o qual traz a seguinte explicação advinda da pesquisa do neurocientista Sukhvinder Obhi: o poder diminui nossa habilidade neuronal de nos reconhecermos no outro – uma ação espelhada. Este fenômeno David Owen, médico e parlamentarista britânico, nomeou como a Síndrome Hubris, isto é, uma desordem de possessão pelo poder, particularmente aquele associado a uma grande onda de sucesso mantida por muitos anos. O que nos leva a crer que tanto pode desconfigurar a relação que se mantém com o outro, podendo este ser colocado em um segundo plano caso haja interesses do detentor de poder em primeiro lugar, interesses estes voltados para as grandes responsabilidades e pressões demandantes de uma posição decisória que podem remodelar o cérebro sem que se possa ter controle sobre esta dinâmica que levará a pessoa a decisões impactantes sem se importar com o outro. E este é o destino final de quem detém poder sobre os demais? Não, tanto pode ser redefinido e a compaixão é a chave, esta que tem a inclinação de contribuir com a felicidade e o bem-estar do outro. Assim, sendo mais proativa, pode se tornar um hábito desde que exercitado.
Então, sim: requer a intenção de, a vontade e ações compassivas diárias. Pode-se começar procurando por oportunidades de ter uma atuação onde a compaixão seja a tônica e também, sugerem-se estudos e larga pesquisa realizada com CEO´s, a prática meditativa compassiva contribuem para este progresso. Alguns que me leem devem estar se perguntando em quem momento do dia de um CEO caberia uma prática meditativa. Posso responder: na vontade de o fazer e não se vitimizar que a rotina e as demandas por resultado estrangulam seu tempo. E Anzieu? À consciência, cabe escolha. O coração, a mente e a equipe agradecem por líderes mais humanos.
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